Criptofauna - Carazi


Bem-vindo mais uma vez, amigo do Tubarão Asmático, ao Criptofauna! A série onde vamos explorar, discutir e aprender sobre os seres mais místicos e misteriosos do mundo! Preparem suas bombinhas porque depois de hoje nós não vamos dormir! Nunca mais! Yay!
Caro peixinho de aquário, peço que você se transporte comigo pro mundo da imaginação porque agora eu vou lhe colocar em uma situação fictícia! Imagine que você acabou de ler esse post e está pensando “nossa, que besteira, óbvio que isso não é verdade!” Você desliga sua plataforma de leitura de preferência e vai deitar na sua cama, que está coberta com um magnífico lençol do seu ídolo: Relâmpago Marquinhos. “Kachow!” você diz antes de fechar seus inocentes olhos. Você relaxa, deixando a mente fluir pra área desconhecida do mundo dos sonhos. Enquanto sua consciência se apaga, você começa a ouvir algo vindo de fora. Passos e uma respiração anasalada. Você lembra do que leu, mas decide ignorar.
Algum tempo se passa e você ainda não conseguiu dormir. Os sons não param e estão te enlouquecendo. Algo parece cair no corredor toda vez que você pega no sono. Você se levanta e toma coragem pra investigar. Você pega sua lanterna edição limitada da Copa Pistão e sai do quarto. Tudo está escuro e quieto, diferente de poucos segundos atrás. Você ouve algo atrás de você no corredor. Se vira e não vê nada. Sua respiração acelera. Você ouve o armário da despensa abrir sozinho. Você vira devagar e vê uma criança dentro do espaço de meio metro de altura por um metro de largura. Ele sai de lá, se contorcendo de maneiras impossíveis. Seus olhos são espaços vazios, sua boca é somente pele costurada e seus dedos são garras terríveis. Você corre gritando, enquanto o garoto te olha. Você fecha a porta do seu quarto, respirando pesado. Tremendo, você se deita, rezando pra Relâmpago Marquinhos te proteja. Você começa a ouvir sussurros e arranhões embaixo da cama e, chorando, fala pra si mesmo: “O Tubarão falou a verdade”.
É com esse pequeno conto que eu inicio o Criptofauna do nostálgico Carazi, o demônio que atormenta o sono de qualquer um que saiba seu nome.
O Carazi é uma creepypasta brasileira que circulou pelo Whatsapp entre 2012 e 2014, se eu não me engano. Eu lembro distintamente de ver a galerinha de um grupo que eu era parte falando dele. Mas o que é o Carazi? Alguns dizem que ele é um demônio, uma entidade poderosa cujo objetivo é atormentar a vítima até ela não aguentar mais. Outros dizem que ele é um espírito poderoso que controla 30 legiões de demônios, semelhante a um duque do inferno. Isso é o que nós do ramo do jornalismo chamamos de Fake News. Isso é facilmente comprovado com um pouco de pesquisa, não existe nenhum Carazi na Chave Menor de Salomão, então essa ligação ao inferno é falsa.
Masky da websérie Marble Hornets, uma das várias figuras que são chamadas de Carazi pela internet.
Essas diferenças na descrição da entidade não acabam aí, elas se estendem pra história do Carazi e pra algumas outras características dele. Alguns sites alegam que a “lenda” do Carazi tem centenas de anos, mais uma mentira na lista de “coisas edgy que adolescentes escrevem na internet pra fazer sua creepypasta favorita parecer legal”. Na sincera, eu comecei essa postagem com 100% vontade de sacanear completamente, mas criei algum respeito pelo Carazi enquanto estudava ele, então infelizmente não vai rolar.
A criatura é descrita como tendo a forma de uma criança de 4 ou 6 anos com garras no lugar dos dedos, olhos completamente negros e pele por cima de onde a boca deveria ser. O curioso é que muitas das imagens compartilhadas do guri nem batem com a descrição, com a mais famosa sendo só um screenshot de um episódio da websérie Marble Hornets, baseada na história do Slenderman. Eu nunca vou entender porque escolheram essa imagem pra representar ele tendo tão pouco a ver, mas pode ser porque é uma cara branca com olhos negros pairando sobre alguém que está dormindo. Além dessa, também são usadas fotos do Toshio, do Grito, e do Eyeless Jack, outro personagem genérico de creepypasta, que provavelmente serviu de base pro Carazi.
Depois dessa descrição física que só pode ser chamada de extremamente genérica, vamos aos poderes dele. O que o Carazi faz que tornou ele tão famoso? Primeiro: percepção. Enquanto o maravilhoso dom da percepção passiva pode te salvar do temido meteoro da morte numa sessão (conjugação correta, eu chequei) de D&D, essa habilidade funciona de maneira diferente no mundo paranormal. O Carazi, assim como outros coleguinhas super divertidos que nós vamos estudar aqui em breve, tem a capacidade de te descobrir assim que você descobre ele. Ou seja: quando você ouve falar nele, ele sabe da sua existência e te torna alvo. Tradução: eu condenei todos vocês, yay! Eu conheço VÁRIAS figuras assim, então não se preocupem que comigo o desespero não falta.
Toshio do Grito com um filtro azul e um trabalho de PhotoShop bem porco.
Segundo: flexibilidade. Enquanto, de fato, é estranho listar essa habilidade como um poder dessa suposta entidade demoníaca, é histórico que o ser humano sente medo do anormal, do estranho. Se retorcer colocando sua perna atrás do pescoço na forma de um pretzel satânico pra se esconder com mais facilidade em um armário NÃO É NORMAL. Ligue pra 0800-TERAPIA se você acha isso normal e diga que eu te mandei, vão te dar desconto. O Carazi é capaz de se contorcer de diversas formas pra se esconder e se encaixar em qualquer buraco, por menor que ele seja. Aqui, vemos alguma influência do Japão, mais especificamente da Kayako, também do Grito, que tem aquela famosa cena da escada, e da Garota da Brecha, uma lenda urbana que vamos discutir aqui um dia.
Terceiro e mais importante poder: tormento. Essa é a maior arma do Carazi. Do momento que ele te encontra no jogo de esconde-esconde doentio dele, ele nunca mais vai te soltar. Ele vai te perseguir e enlouquecer como puder, não te deixando dormir, fazendo barulhos assustadores, andando pela sua casa, quebrando coisas, arranhando sua cama por dentro e por aí vai. Esse é o verdadeiro poder do Carazi, o fator de medo dele. Uma morte imediata é somente um sofrimento finito. Uma vida inteira de tormento terminando em uma alma arrastada pro inferno por aquele que a atormentou mais, certamente não é.
Esses são os poderes observados nele na versão mais aceita da sua história, que coloca ele como uma figura discreta, cruel e sombria que se diverte com o tormento de suas vítimas. Essa versão mais vastamente circulada descreve as (provoc)ações da criatura como entretenimento pra uma espécie de deus cruel que tem o poder de destruir a mente de alguém aos poucos. Na versão menos conhecida, mais EDGY, do negócio ele é um DEMÔNIO DO MAL VINDO DO INFERNO QUE COMANDA OUTROS DEMÔNIOS E VAI TE ATORMENTAR E TENTAR TE MATAR POR UMA SEMANA E DEPOIS ESCREVER “ACABOU” NO SEU PC UUUUUUUUUUUUHHH.
Isso mesmo. A versão menos aceita e mais edgy da lenda do Carazi coloca ele como um lorde do inferno que deixa o burro, que provoca ele por vontade própria, sem dormir por uma semana e, no final, liga o computador dele, abre o Word, põe fonte 60 ou algo assim e escreve “ACABOU” provavelmente em Comic Sans antes de despossuir o cara. Apesar de absurdo, isso é bem genérico e comum pra uma creepypasta.
Vamos falar brevemente da versão mais aceita, sim? Eu mencionei os poderes e a visão do ser cruel que se diverte com nosso sofrimento. Mas como o Carazi chega em você? Bom, já falamos da percepção dele. Ele sabe quem você é, e é daí que ele começa sua jornada. Ele chega na sua casa enquanto você dorme e usa sua flexibilidade pra se esconder onde quiser. Ele pode estar em qualquer cômodo com a exceção dos quartos. Ele faz disso um jogo, o que sugere que sua aparência de criança pode não ser à toa.
Eyeless Jack, último membro da trindade de fotos usadas pra representar o Carazi, já que ninguém se deu o trabalho de desenhar ele. Sad.
Ele espera pacientemente escondido, indo atrás de qualquer barulho ou movimento que ouvir ou vir, antes de voltar correndo pra se esconder em outro lugar. Ele faz barulho ao se mexer, chamando a atenção de quem estiver nos quartos. Seu jogo de esconde-esconde acaba quando ele encontra alguém. Muitos dizem que, pra ser atormentado por um demônio, você deve firmar uma relação com ele. Muitas vezes isso acontece mesmo sem o seu conhecimento e vai destruir o resto da sua vida. Esse firmamento pro Carazi é o momento em que ele coloca os olhos em você, algo que ele vê como um convite pra viver no seu quarto. É aí que começa o tormento.
O Modus Operandi dele é simples: perturbar a pessoa de maneira crescente até ela enlouquecer. Começa pequeno, você pode até não perceber que está sendo assombrado. Barulhos estranhos de madrugada, passos, palavras soltas na noite e afins. Daí começa a evoluir. Você começa a ouvir coisas dentro do seu quarto, como arranhões embaixo da cama, dentro do armário, vozes de criança falando coisas macabras. No último estágio, o Carazi passa a ser uma constante na sua vida. Ele começa a aparecer em todo lugar que você vai, só te encarando e esperando que você reaja, tentando mostrar pras pessoas o que está acontecendo. Mas só você pode ver. Com o tempo, a vítima aceita que ele agora é parte da sua vida, o que em muitos casos leva ela a um final trágico.
E é assim que nós encerramos nossa discussão sobre o Carazi, um ser que, apesar de genérico em aparência, ainda é interessante na execução. Mais uma vez: eu comecei esse Cripto com 100% intenção de sacanear esse bicho. E eu pude, mesmo que menos que o esperado, mas confesso que fico contente de ser melhor do que eu lembrava.
Espero que vocês tenham se divertido com esse novo Criptofauna. Eu já estou programado pras próximas postagens e estou planejando algumas coisas pro futuro. Muito obrigado a todos que leram esse novo artigo, vou tentar acelerar o ritmo de produção pro futuro. Não esqueçam de compartilhar esse post com família, amigos e inimigos que possam estar interessados nele. Eu sou o Tubarão Asmático, jornalista, criatura marinha e não vou ao banheiro durante a madrugada pra não ser assombrado! Até a próxima!

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